Olá, meu nome é Tiago (Professor Panela) e nesse espaço você verá algumas ideias minhas (e de outros), refletidas a partir de leituras e do aprendizado com outras pessoas.
Acho importante esse tipo de blog porque a educação musical ainda está engatinhando em nossas escolas e o apoio que recebemos ainda é insuficiente. Espero que todos participem com dicas, conselhos, atividades, etc. para que todos possam aprender e trocar experiências.
Olhem o que a galera da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) fez:
Procure no youtube por Análise da trilha sonora do Super Mario World
O pessoal mandou muito bem. Ficou muito bom. Vale a pena acessar o site do youtube e ler as conversas referentes a esse vídeo.
Gostaria de sugerir um livro que pode ser ser usado facilmente em sala de aula da educação regular. Refiro-me ao Pausa para ouvir música: um jeito fácil e agradável de ouvir música clássica, da autora Bernadete Zagonel.
O livro possui linguagem bem simples e é extremamente didático. Vale a pena conferir.
Só lembrando que realizar análise musical em sala de aula do ensino regular não é tarefa fácil. Fica, aqui, duas sugestões.
Farei uma breve explanação sobre ideia de arranjo utilizando músicas de trilha sonora como exemplo usado em sala de aula.
Há um seriado eu eu gosto muito chamado "Fringe".
Não vem ao caso comentar sobre a história do seriado.
Porém, algo muito interessante aconteceu relacionado ao tema de abertura dessa série.
O criador de Fringe é o J.J.Abrams (criador de LOST) e o escritor confessou que sonhou com o tema de abertura, ou seja, não foi o compositor da série quem o fez. Isso é muito curioso.
Bueno, mas voltando ao assunto.
Eis o tema original da abertura (a abertura começa com 10s. de vídeo):
No youtube - digite Fringe Opening Credits
Porém, há uma versão muito curiosa desse mesmo tema.
O compositor fez uma versão ao estilo "anos 80". Ficou genial.
Achei genial toda a atenção que o compositor teve em realizar a versão retro: desde o uso dos timbres de teclado (toda a música), a bateria bem estilo anos 80, os metais e a guitarra com distorção fazendo somente um acorde, finalizando a música.
Dessa forma, minha sugestão é a de que o professor pode sugerir ou efetuar um estudo mais técnico de um estilo musical ou de um período da história da música e propor um arranjo, colocando em prática tudo o que foi aprendido.
Agora eu me recordei de outro exemplo de arranjo.
Esses dias vi um documentário realizado pela BBC, intitulado "The Genius of Beethoven" e ele é divido em 3 partes.
1 - The Rebel
2 - Love and Loss
3 - Faith and Fury
Uma das cenas que me chamou a atenção aconteceu no Episódio Nº1 - The Rebel.
L.V.Beethoven é convidado para participar de uma espécie de competição pianística. O primeiro pianista toca uma sonata de Mozart. Logo após, Beethoven toca a mesma sonata, só que do seu jeito, ou seja, realizando a ideia de arranjo.
O professor pode mostrar esse vídeo para a turma, só que dentro de um mundo um tanto inusitado: a sonata clássica de Mozart X a sonata clássica com uma releitura de Beethoven.
É bem verdade que essa versão possivelmente não foi composta pelo próprio Beethoven, mas ela possui muitos de seus elementos composicionais. Vale a pena conferir.
A parte do duelo pianístico ocorre, mais ou menos, com 31minuto de filme. Se você tiver muita pressa, é possível ir "direto ao ponto" e assistir somente ao "duelo".
Há muitas músicas que são compostas atualmente que merecem um pouco da atenção de todos.
Muitos compositores eruditos atuais trabalham com trilha sonora de filmes, desenhos, jogos... e sua utilização para o ensino, não significa nivelar por baixa a musicalidade. Dessa forma, venho colocar algumas sugestões de repertório para ser trabalhado em sala de aula.
Mas não esqueça aquela velha história: isso é uma sugestão que pode funcionar em determinadas realidades. Não esqueçamos que nossas escolas possuem diversidades, a tal da multiculturalidade.
Bueno, dessa forma continuo minha ideia.
Ela se baseia em utilizar trilha sonora de animes (desenhos japoneses) em sala de aula. Para mim, essa utilização acarreta dois tipos de ganho:
1º) aproximar algo que é comum ao mundo do aluno, já que os animes "estão em alta"
2º) são músicas mais curtas (apesar de que utilizar músicas longas não seja um problema, já que o professor pode apenas mostrar um pedaço dessa música e deixar a vontade e curiosidade do aluno em escutar o resto, ex: 4º movimento da 9ª Sinfonia de L.V. Beethoven).
Bom, como exemplo de música, coloca a trilha sonora do anime "Heroic Age".
Professor, no seguinte site há a possibilidade de assistir animes:
Os animes mais conhecidos são Naruto, Bleach, One Peace... mas o professor pode utilizar essa trilha sonora sem medo, já que a temática está voltada para "guerras estelares e a luta pela liberdade". Sem contar que esse Heroic Age, em especial, fez época. Ele é tido como uma referência, juntamente com Banner of the Stars.
Inicialmente, é importante falar do compositor responsável pela trilha sonora. Seu nome é Satou Naoki
O professor pode falar um pouco sobre a carreira desse compositor, como também um pouco sobre a ideia do anime.
Colocarei duas ideias aqui:
1ª música) Kizu (2.33)
Com essa música, o professor pode trabalhar vários aspectos, sendo musicais ou não.
O que mais me chamou a atenção nessa obra, foi a beleza e a dramaticidade da melodia, ou seja, o professor pode trabalhar o aspecto do "Caráter Expressivo", comentado por Keith Swanwick.
Pode também focar aspectos mais inerentes à música, como: timbre (só há cordas); altura (o compositor utiliza saltos melódicos ascendentes para aumentar a dramaticidade da peça); andamento e forma (aqui, o professor pode utilizar recursos provindos de Dalcroze, utilizando movimentos corporais para a compreensão da forma, dentro do andamento). É uma bela música. Eu a escuto todos os dias.
2º música) Taiwa (1.46)
O aspecto mais chamativo dessa música é a utilização de timbres artificias, ou seja, sintetizador.
É interessante mostrar aos alunos que há essa possibilidade de utilização na música. Você pode até pensar que isso é muito natural, presente na realidade, mas na verdade não o é. Vivemos um momento musical onde a redução (tempo de música, tamanho de banda, cd com menos músicas, extinção dos solos instrumentais) tomou conta do cenário e a presença de um tecladista, por exemplo, está cada vez mais rara nas bandas, salvo algumas exceções. Dessa forma, o professor pode fazer uma explanação relacionado à esses itens (obviamente, utilizando outros vídeos que representem os comentários anteriores) e, por fim, realizar um LINK com a utilização de instrumentos feitos com material alternativo, sons do corpo, sons obtidos dentro da sala de aula (carteiras, cadernos, canetas...) e, dessa forma, propor uma atividade de composição utilizando essa ideia de diversidade de timbres.
Outra sugestão: o professor pode propor uma atividade de composição/arranjo/acompanhamento rítmico. Os alunos podem inventar um padrão rítmico, um ostinato, enfim, um acompanhamento rítmico que seja sistematizado, pensado, refletido, dentro dos conteúdos já aprendidos (ou seja, não seria uma atividade livre/improvisação) e, dessa forma, o professor pode avaliar todo o processo de composição do arranjo associando com o estudo das figuras rítmicas já vistos em sala de aula. Por fim, o professor pode questionar seus alunos sobre a eficácia ou não da utilização dos ritmos e, dessa forma, fazê-los refletir sobre o processo de arranjo de uma música. A música colocada abaixo é composta por notas longas (como a Taiwa), mas a parte rítmica mudou o caráter dela.
Esse aspecto pode ser abordado pelo professor.
Música Mystery (Tiago Sául e Rodrigo Londero) PS: não esqueça de apertar o "play", no Myspace.
Um aspecto que favorece a utilização desse tipo de música se refere ao seu tempo: geralmente são música curtas, mas que possuem forma e melodia bem definidas. Isso pode servir de parâmetro para composições curtas, perfeitas para a sala de aula.
Porém, é evidente que TRILHAS SONORAS não substituem obras de compositores consagrados da música mundial. Dessa forma, essa ideia serve dentro de uma proposta.