Conversar e expor opiniões é uma arte para poucas pessoas, devido a sua complexidade. Como é difícil falar o que pensamos sem despertar reações e sentimentos confusos nos outros. Há muito tempo os sábios estudavam "a arte do falar bem" ou simplesmente a "Oratório" para que suas idéias fossem sempre expostas de maneira clara. Ser claro em nossas idéias é algo bastante difícil, pois como somos seres "sociáveis", estamos sempre absorvendo influências externas e como fazemos parte de uma sociedade confusa e composta de uma amalgama de emoções de todos os tipos, se torna difícil ser claro e não despertar reações contrárias as que esperamos.
Fico me perguntando se sábios como Santo Agostinho e Platão se adaptaram pacificamente a essa realidade, afinal eles eram formadores de opinião. Eles queriam o bem das pessoas, onde cada um pudesse refletir sobre sua forma de pensar, sentir e agir e, dessa maneira, fazer com que as pessoas pudessem viver sabiamente, viver com felicidade, afinal, como diz a música "é preciso saber viver", não é verdade? Mas como bem sabemos, nossa sociedade é composta de "um milhão de diferentes universos" e se torna muito difícil chegar a um consenso que agrade a todos. Mesmo quando estamos equivocados e percebemos nosso erro, muitas vezes não conseguimos reconhecer para os outros nossa falha, por sermos muito orgulhosos e, dessa forma, não conseguimos "dar o braço a torcer"; aliás, quem disse que orgulho é virtude afinal? Não foi suficiente uma pessoa ser pregada em uma cruz para isso ficar bem claro?
Bueno, na verdade, acredito que "falar bem" não é a exigência necessária para uma boa conversa. É necessário pensar, sentir e agir de maneira melhor, afinal nossas vidas são feitas disso: de momento a momento, se sentimos, pensamos ou agimos de maneira débil, aonde nós iremos chegar? Dias atrás, olhando o seriado "House M.D." foi dito algo que eu achei muito interessante:
"... nossas vidas são um conjunto de quartos e nosso momento é determinado através das pessoas que estão dentro desses quartos ..."
Se nossas vidas são como quartos diferentes, que possuem pessoas diferentes, não deveríamos dar uma maior atenção ao que as pessoas têm a nos dizer? Claro que todos temos nossas convicções, mas eu gosto de pensar que a vida sempre nos dá as circunstâncias que precisamos para refletir e mudar nosso momento. Não sei se atraímos o que pensamos (como diz o dito: "vira essa boca pra lá"), mas é importante escutar o que as pessoas dizem e respeitar cada palavra, através da reflexão e da compreensão.
Percebo a perfeição nisso. Não sei se isso é "misericórdia divina", "karma" ou simplesmente "o acaso", mas sempre quando tenho dúvida ou sinto desarmonia dentro de mim, alguém vem conversar ou agir de tal maneira que me faz ver meus erros. Isso é fantástico. Aprender com os outros é uma forma de expandirmos nossas percepções, pois muitas vezes não conseguimos ver claramente o que nos incomoda. Aprender observando é quase uma obrigação diária e aprender a falar e a colocar minhas idéias de maneira clara é uma arte, mas uma arte repleta de comprometimento e responsabilidade. Todos nós, meros seres humanos, somos feitos de inúmeras virtudes solares, mas também de defeitos, que nos corrompem a cair e cair, a cada instante, embriagados por venenos que só nos sufocam e nos instigam a querer desistir de nosso maior tesouro: nossa individualidade interna.
Por mais que as pessoas queiram se convencer que não possuem responsabilidades além dos limites de seus lares, eu prefiro pensar que, se nos esforçarmos, o mundo vai vibrar nessa mesma intensidade e isso faz a diferença. Uma pessoa sempre fez, faz e continuará a fazer a diferença para todos. As pessoas precisam de heróis, de exemplos, de alguém que as inspire a serem melhores do que são.
Todos nós somos repletos de bondade em nossa origem, mas por motivos diversos, acabamos nos desviando do princípio precursor da vida. Se cada pessoa fizer sua parte, o mundo será um lugar melhor. Eu tenho certeza disso.
O coração das pessoas podem muito mais do que elas imaginam e o mundo precisa desse "super esforço" de cada um de nós.
No fim de tudo, percebo que "a arte de conversar" não é apenas falar corretamente, mas sim falar com fogo no verbo; com a lucidez vinda do amor; com a doçura do amor que move as nobres almas; com a reflexão e com a vontade de fazer o melhor.
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