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Olá, meu nome é Tiago (Professor Panela) e nesse espaço você verá algumas ideias minhas (e de outros), refletidas a partir de leituras e do aprendizado com outras pessoas. Acho importante esse tipo de blog porque a educação musical ainda está engatinhando em nossas escolas e o apoio que recebemos ainda é insuficiente. Espero que todos participem com dicas, conselhos, atividades, etc. para que todos possam aprender e trocar experiências.

terça-feira, 8 de março de 2011

KANT E A INDÚSTRIA CULTURAL



Com o advento da tecnologia, a arte contemporânea buscou uma adequação de linguagem, onde o uso dessa tecnologia repercutiu de diferentes formas.
Atualmente, é inegável a influência da mídia sobre a sociedade. Como afirma o clichê, “a TV é uma formadora de opinião”, mas também podemos citar o cinema, o teatro, artes plásticas, a música, etc., nesse processo. O que é verdadeiro, bom e belo é o que a mídia vende ficando clara sua forte influência, principalmente nas camadas mais pobres.
Somos bombardeados por conceitos de beleza, onde se prega a máxima do belo como padrão para se conquistar felicidade, sucesso, trabalho, etc. e, muitas vezes, não se reflete se isso é real, aliás, se tem sentido. Para o filosofo alemão Kant “o belo é livre de tudo e qualquer interesse, onde não é reconhecido valor absoluto”. Para a sociedade atual o belo possui uma conotação completamente oposto, pois há a associação aos valores de utilidade, prazer e moral, onde padrões estereotipados são buscados como forma de aceitação social ou fortalecimento da auto-estima.

Percebe-se o conflito de concepções. Para Kant, o belo é o resultado de uma “satisfação desinteressada”, ou seja, “de uma fusão no sentimento do prazer e do belo, daquilo que é reconhecido sem conceito como objeto de um prazer necessário”. Isso significa uma total liberdade de interesses, onde apenas a pura fruição, subjetividade e universalidade são almejadas. Mas hoje, vivenciamos uma realidade saturada por conceitos de beleza e costumes, onde o resultado é uma sociedade confusa e submissa.
Mas o que é belo, afinal? Refletindo sobre Kant, me parece que esse conceito de belo e juízo estético seja certeiro, pois uma apreciação regida por padrões, não resultará em fruição.
Esse juízo estético difere, em muito, do resultado que a mídia acarreta na sociedade, onde o gosto é afetado pela elite e a criação de estereótipos é massacrante. Tudo isso aliena o povo ao invés de torná-lo mais consciente e individualizado. Essa individualidade, cada vez mais aniquilada pela cultura midiática, só frustra o indivíduo, que busca referências estereotipadas de ser e agir, muitas vezes, esquecendo de si mesmos.
Percebe-se ainda que o sentimento estético de Kant e o “atual”, diferem bastante. Enquanto o belo seria uma articulação entre o entendimento e a imaginação, hoje, seguem-se idéias formadas, onde o que está na mídia é o que “presta”, sem contar que para Kant, a fruição, a subjetividade e a universalidade são conseqüências do sentimento estético. Atualmente, por estarmos presos a estereótipos dados pela indústria cultural, a percepção do belo, possivelmente, não atingiria os níveis citados por Kant.

A indústria cultural, criadora desses estereótipos, acaba influenciando na formação do gosto da população, com o único objetivo de vender, de propagar a arte como mercadoria de consumo.
A construção do belo é totalmente voltada para o consumo, onde o princípio do prazer estético é trocado por status social e prestigio. Toda essa falsa cultura gera a alienação e, consequentemente, a falta de crítica e respeito à arte, ou melhor, a falta do sentimento estético.

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