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Olá, meu nome é Tiago (Professor Panela) e nesse espaço você verá algumas ideias minhas (e de outros), refletidas a partir de leituras e do aprendizado com outras pessoas. Acho importante esse tipo de blog porque a educação musical ainda está engatinhando em nossas escolas e o apoio que recebemos ainda é insuficiente. Espero que todos participem com dicas, conselhos, atividades, etc. para que todos possam aprender e trocar experiências.

domingo, 6 de maio de 2012

Diário de Sons

No livro "Educação Sonora", do autor R. Murray Schafer e tradução de Marisa Fonterrada, há uma proposta de 100  exercícios de escuta e criação de sons.
Na página 38, exercício 14, Schafer propõe a criação de um Diário de Sons. 

As atividades com esse diário podem ser começadas através de uma atividade realizada em sala de aula. Como produto final, os alunos escrevem em seu diário os sons debatidos, comentados, percebidos durante a atividade. 

No exercício 14, Schafer propõe que os alunos escrevam, todos os dias, alguma coisa. Que escrevam notas a respeito de sons "não habituais que tenham escutados, suas reações a eles, pensamentos gerais acerca do ambiente acústico, qualquer coisa que considere significativa." (SCHAFER, 2009, p. 38).

Schafer (2009) ainda coloca que esse diário é para o benefício do aluno e que ele não precisa ler para os outros. Porém, como uma forma de reflexão e percepção, os diários podem ser trocados, para que os alunos percebem a riqueza de sons existentes e que eles, eventualmente, ainda não tenham se dado por conta, como também o aluno pode ler em voz alta, em sala de aula ou em grupos, para um debate.

Achei bastante interessante essa atividade, pois propicia algo muito maior que a música; propicia uma percepção de mundo, o desenvolvimento da concentração, da percepção espacial, pois, naturalmente, as pessoas estão distraídas em seus pensamentos e, muitas vezes, nem se percebem. 

Respeito bastante o trabalho desse autor, pois ele faz com que a nossa atenção seja despertada para coisas que são tão vivas, tão reais em nosso mundo mas, que por algum motivo, a gente não percebe. 

Desenvolvendo o hábito da percepção sonora, a valorização da música, consequentemente, aumenta. 

Fica a dica de leitura. O livro é bastante barato, acessível a todos.

SCHAFER, R. M. Educação Sonora. Tradução: Marisa Fonterrada. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009.

sábado, 5 de maio de 2012

Cores e Música: uma combinação histórica


Há um livro muito bom chamado " Música - Entre o audível e o invisível " da Yara Borges Caznok, que trata dessa temática. Dessa forma, as ideias estão baseadas nessa literatura.

Você pode comprar esse livro em qualquer livraria.

É sempre interessante mostrar para os alunos uma aula diferente, aliás, mostrar coisas, eventos, músicas, etc. interessantes, que ocorreram durante a história.
Assim, proponho a seguinte ideia:

1º) Questionar os alunos sobre a utilização de cores em apresentações de música. Possivelmente, todos dirão que isso é normal, levando com consideração que há shows musicais que são verdadeiros "eventos pirotécnicos". 


Hoje, isso não é novidade. Seria interessante perguntar para eles se a utilização de luzes seria adequada para um espetáculo de música erudita, por exemplo.


2º) Falar, bem objetivamente, sobre a relação cores e tratados de música. Eu usaria o seguinte texto: "Pessoal, desde muito tempo atrás, no período barroco/renascentista da música, existiram autores/teóricos que tentaram estudar a relação da música com as cores. As ideias iam desde afirmar que modos ou tons possuíam determinadas cores (ex:modos, Kircher), como também timbres e alturas possuíam cores. (ex: cores claras=notas mais agudas; cores escuras=notas mais graves). Muito se relacionou as emoções com determinados aspectos musicais. Isso foi normal na análise retórica, que existiu no período renascentista e barroco e,atualmente, está tentando voltar com alguns teóricos, como o brasileiro Acácio da Piedade. Com os trados, também foram relacionados emoções à aspectos musicais e, por conseguinte, as cores.


3º) Musicalmente falando, alguns importantes compositores da histórica da música erudita também se aventuraram na utilização das cores. Cito alguns (exemplos tirados do livro da Yara Caznok):

- Arnold Schoenberg: Opus 16, n.º 3 - Forben


- Anton Weber: Fuga (Ricercata), n.º 2



- Alexander Scriabin: Prometheus, the Poema de Fogo - Part 1

*espécie de documentário (em inglês)

- Oliver Messiaen: Appel Interstellaire from Des canyons aux étoiles

 

* no capítulo 1, Caznok expõe como cada autor pensou em utilizar a música e a cor.

4º) Para a aula não ficar muito cansativa, o professor pode escolher somente um desses exemplos e aproveitar para falar um pouco sobre histórica da música. Claro que a ideia poderia/deveria seguir o eixo temático "cores e música". Seria interessante falar da relação que esses compositores traçaram com a utilização das cores.

5º) Como prática, sugiro uma atividade que foi ensinada por meu orientador de mestrado e desenvolvida por meu colega Jairo e eu: escolhemos a música "Primeiros erros", que atualmente é executada pelo grupo Capital Inicial e utilizamos garrafas de plástico, de água mineral (250ml). O colega Jairo colocou diferentes medidas de água em cada garrafa, com a ideia de gerar as notas musicais e, para cada grau da escala, utilizou cores diferentes. É importante ressaltar isso: as cores determinaram os graus. Foram escolhidos os graus mais comuns da múscia popular: I - IV - V - VI. Para a "fabricação" das cores, foram utilizadas gelatinas. Dessa forma, por exemplo, o I grau ficou com a cor verde; o IV com a cor vermelha, etc. Na verdade, o professor pode escolher a cor que quiser ou, se preferir, utilizar alguma sugestão exposta no livro da Yara Caznok (cap.1). Dessa forma, as garrafas com água colorida serviram como apoio harmônico para a execução (canto) da música. Aqui, a ideia foi de estabelecer ess apoio harmônico, como também propiciar a experiência de acompanhar uma música com garrafas, algo bem inusitado. 

6º) O professor pode proceder de inúmeras maneiras para a realização dessa atividade:
- colocar a letra no quadro (giz ou com projetor)
- Ensaiar a letra
- Ensaiar a execução das garrafas com água colorida.
- Realizar a execução da música. A turma pode ser dividida (canto/garrafas), até pelo números de garrafas que estarão disponíveis.
Sugiro a execução da música em bloco: garrafas atrás ou em na direita ou esquerda; e os cantores na frente ou na direita <->esquerda. Na experiência realizada na sala de aula, achei que na disposição por círculos o som das garrafas ficou muito baixo.
*cada parte da letra, quando tiver um acordo, o professor pode colocar o grau que esse acordo representa e reger a execução. Aqui, o professor pode pedir para um aluno realizar essa tarefa.
**alguns alunos, possivelmente, não conseguirão "tirar" som das garrafas. Esses podem reger ou cantar.

7º) Por fim, o professor pode questionar os alunos se, apesar das cores diferentes, se há notas semelhantes nas garrafas. Ex:
I = dó - mi - sol
V = sol - si - re

8º) Esse tipo de atividade dá margem para falar de harmonia também. Mas isso ficará para outra oportunidade.

Como temas paralelos, como comentou o professor da disciplina, poderíamos ter falado de acústica e alguns instrumentos de sopro.

Através da associação da acústica, poderíamos falar sobre sons graves e agudos e a quantidade de água necessária para gerar determinada água. Todos os sons graves, por exemplo, necessitam de mais espaço para ser produzido. Por exemplo, garrafas com menos água; um tubo de ressonância da marimba, no grave, é maior que no agudo, etc.

Sobre os instrumentos de sopro, poderíamos falar sobre os que seguem o mesmo princípio de embocadora ou particularidades musicais, por exemplo, e explorar o mundo dos alunos em direção do aprendizado de novos instrumentos musicais. Meu professor sugeriu a abordagem dos instrumentos: Zampoña e Skuduciai

         "Zampoña"                                                                       "Skuduciai"
                                               

Fica a dica.